sábado, 13 de fevereiro de 2016
Ao iniciar o estudo de qualquer assunto, é bom que se conheça seus princípios - a intenção ou plano original, e o primeiro passo em sua história. Temos tais princípios da maneira mais clara e completa, em relação à igreja, nas Sagradas Escrituras. Lá temos, não somente a intenção original, mas os planos e especificações do grande Construtor, e o início da história do trabalho de Suas próprias mãos. O fundamento foi colocado, e o trabalho estava em andamento, mas o próprio Senhor era ainda o único Construtor: portanto, a este tempo, tudo era real e perfeito.
No final da dispensação dos judeus, o Senhor acrescentou o remanescente salvo de Israel à recém-formada igreja. No entanto, no final da presente dispensação - a dispensação da graça, ou dos cristãos - Ele levará todos os que creem em Seu nome para o Céu em corpos glorificados. Nenhum dos que pertencem à igreja serão agregados à congregação dos santos do milênio. "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1 Tessalonicenses 4:16-17). Este será o feliz fechamento da história da igreja na Terra - a verdadeira esposa de Cristo: os mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados, e todos, em corpos glorificados, arrebatados juntamente nas nuvens para se encontrarem com o Senhor nos ares. Assim temos todo o limite da igreja definido, e todo o período de sua história diante de nós. Retornemos, porém, ao alvorecer de seu dia na Terra.
Sob a figura de um edifício, o Senhor introduz, pela primeira vez, o assunto acerca da igreja. E tão infinitamente precisas são Suas palavras, que podemos adotá-las como o texto, ou lema, de toda sua história. Elas têm sustentado os corações e esperanças de Seu povo em todas as eras, e em todas as circunstâncias, e serão sempre o baluarte da fé. O que pode ser mais bendito, mais tranquilizador, mais apascentador, que estas palavras? "SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA, E AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA ELA."
Em Mateus 16, o Senhor questiona Seus discípulos acerca do que andavam dizendo os homens sobre Ele. Isto leva à confissão de Pedro, e também à graciosa revelação do Senhor referente à Sua igreja. Pode ser interessante transcrever toda a conversa para nossas páginas, pois nos leva diretamente ao nosso assunto.
"E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mateus 16:13-18)
Aqui temos as duas principais coisas que estão conectadas ao edifício proposto - a Pedra do Fundamento* e o divino Construtor. "Sobre esta pedra edificarei a Minha igreja". "Mas, quem é, ou o que é, 'a pedra'?", alguns poderiam questionar. Claramente, a resposta é: a confissão de Pedro; não o próprio Pedro, como ensina a apostasia. Verdadeiramente, ele era uma pedra - uma pedra viva no novo templo; "Tu és Pedro" - tu és uma pedra. Mas a revelação do Pai, por Pedro, da glória da Pessoa de Seu Filho, é o fundamento sobre a qual a igreja é edificada - "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". A glória e a Pessoa do Filho ressurreto é a verdade revelada aqui. "To não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus". Imediatamente após a confissão de Pedro, o Senhor dá a entender Sua intenção em edificar Sua igreja, e afirma sua segurança eterna. "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela."
Ele mesmo, a fonte da vida, não podia ser vencido pela morte. Mas, ao morrer como o grande Substituto pelos pecadores, Ele triunfou sobre a morte e a sepultura, e está vivo para sempre, como disse ao apóstolo João após Sua ressurreição: "E [sou] o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno."(Apocalipse 1:18). Quão majestosas e triunfantes são estas palavras! São palavras de um conquistador - de Alguém que tem poder, mas um poder sobre as portas dohades - o lugar dos espíritos separados de seus corpos. As chaves - símbolo de autoridade e poder - estão penduradas em Seu cinto. O golpe da morte pode cair sobre um cristão, mas o aguilhão dela se foi. Ela, agora, vem como uma mensageira de paz para conduzir o cansado peregrino para o descanso eterno da casa celestial. A morte não é mais mestre, mas sim serva do cristão. "Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus" (1 Coríntios 3:21-23)
A Pessoa de Cristo, então, o Filho do Deus vivo - em Sua ressurreição e glória - é o fundamento, o sólido e imperecível fundamento, sobre a qual a igreja é edificada. Como vivo dentre os mortos, Ele comunica vida em ressurreição a todos que são edificados nEle como a verdadeira pedra do fundamento. Pedro deixa isto claro em sua primeira Epístola: "E, chegando-vos para ele, pedra viva... sois vós também quais pedras vivas, edificados como casa espiritual" (1 Pedro 2:4-5). E mais adiante, no mesmo capítulo ele diz: "E assim para vós, os que credes, é preciosa", ou "uma honra", em outras versões (1 Pedro 2:7). Que possamos entender essas duas preciosas verdades em conexão com nossa "Pedra do Fundamento" - a vida divina e a preciosidade divina. Ambas são dadas e se tornam posse de todos os que colocam sua confiança em Cristo. "Chegando-vos a Ele", não a qualquer outra coisa; é à Pessoa de Cristo que devemos ir, e com a qual devemos estar ligados. Sua vida - vida em ressurreição - se torna nossa. A partir desse momento, Ele é nossa vida."Chegando-vos para ele, pedra viva... sois vós também quais pedras vivas, edificados como casa espiritual". A própria vida de Cristo, como o Homem ressuscitado, e tudo o que é Sua herança é também nossa. Oh, que surpreendente, maravilhosa e bendita verdade! Quem não desejaria, acima de todas as coisas, essa vida, e essa vida além do poder da morte - além das portas dohades? Uma vitória eterna está gravada na vida ressurreta de Cristo, que não pode nunca mais ser testada; esta é a vida do crente.
Porém, há mais que vida para cada pedra viva no templo espiritual. Há tambéma preciosidade de Cristo. "E assim para vós, os que credes, é preciosa". Portanto, do mesmo modo como a vida de Cristo se torna nossa quando cremos nEle, assim também é Sua preciosidade. O princípio é o mesmo para ambos. A vida pode ser vista como nossa capacidade de desfrutar, e a preciosidade, como nosso título de possessão e herança nas alturas. Suas honras, tútilos, dignidades, privilégios, possessões, glórias, são nossas - tudo é nosso nEle. "Para aqueles que creem Ele é a preciosidade". Que pensamento maravilhoso! "Ele amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (Efésios 5:25). Tal é nossa Pedra do Fundamento, e tal a bem-aventurança de todos os que estão sobre a Rocha. Assim como Jacó, sendo peregrino e estrangeiro, descansou sobre a pedra no deserto, e todo o panorama das riquezas celestiais em graça e glória passaram diante dele (Gênesis 28).
(* Nota do tradutor. Do inglês rock foundation, corner stone (ver Eph 2:20 e 1Pe 2:6) ou foundation stone (explicação no link, em inglês). Pedra principal da esquina, ou pedra do fundamento. Do grego lithos akrogoniaios: pedra pertencente à esquina (extremo canto), ou pedra principal (aparece em Efésios 2.20 e 1 Pedro 2.6). Do hebraico eben pinnah: pedra angular, ou principal da esquina (aparece em Isaías 28:16 e Salmo 118:22). (Dicionário Strong de Grego e Hebraico) )
Fonte: ahistoriadaigreja
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